sábado, 14 de janeiro de 2012

1 Palavra "Muro"

Hanani, um dos meus irmãos, veio de Judá com alguns outros homens, e eu lhes perguntei acerca dos judeus que restaram, os sobreviventes do cativeiro, e também sobre Jerusalém.
E eles me responderam: "Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província, passam por grande sofrimento e humilhação. "O muro" de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo".
Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando, jejuando e orando ao Deus dos céus.
Então eu disse: Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível, fiel à aliança e misericordioso com os que o amam e obedecem aos seus mandamentos,
que os teus ouvidos estejam atentos e os teus olhos estejam abertos para ouvir a oração que o teu servo está fazendo dia e noite diante de ti em favor de teus servos, o povo de Israel. Confesso os pecados que nós, os israelitas, temos cometido contra ti. Sim, eu e o meu povo temos pecado contra ti.
Agimos de forma corrupta e vergonhosa contra ti. Não temos obedecido aos mandamentos, aos decretos e às leis que deste ao teu servo Moisés.
Lembra-te agora do que disseste a Moisés, teu servo: "Se vocês forem infiéis, eu os espalharei entre as nações,
mas, se voltarem para mim, e obedecerem aos meus mandamentos e os puserem em prática, mesmo que vocês estejam espalhados pelos lugares mais distantes debaixo do céu, de lá eu os reunirei e os trarei para o lugar que escolhi para estabelecer o meu nome".
Estes são os teus servos, o teu povo. Tu os resgataste com o teu grande poder e com o teu braço forte.
Senhor, que os teus ouvidos estejam atentos à oração deste teu servo e à oração dos teus servos que têm prazer em temer o teu nome. Faze que hoje este teu servo seja bem sucedido, concedendo-lhe a benevolência deste homem. Nessa época, eu era o copeiro do rei. 
Neemias 1:2-11
O que será que você faria no lugar de Neemias? As vezes negamos os "muros" que vemos, achamos que é impossível reconstruir-los, mas tome a atitude de Neemias e deixe a voz de Deus falar mais auto no seu coração e faça!Deus é contigo neste desafio. 

Amém.

"Discípulos" Reflexões Diárias

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A DIMENSÃO RELACIONAL DA IMAGO DEI


"Sob o nome de Deus a fé cristã vê o Pai, o Filho e o Espírito Santo em eterna
correlação, interpenetração e amor; de tal sorte que são um só Deus uno. A
unidade significa a comunhão das Pessoas divinas. Por isso, no princípio não
está a solidão do Uno mas a comunhão das três divinas Pessoas."
Com essas palavras de Leonardo Boff,24chegamos ao ponto mais alto e talvez
mais negligenciado da interpretação da imago Dei.
Ao comentar a natureza do Deus bíblico, Ricardo Barbosa afirma que ele é
essencialmente relacional. Esta é a diferença entre o monoteísmo trinitário cristão
e os outros monoteísmos unitários, como o judaísmo e o islamismo. Nestes,
encontramos a solidão do Uno, de um Deus que não tem nenhum outro igual com
o qual possa se relacionar. O cristianismo é a única religião monoteísta que crê
num único e indivisível Deus que se manifesta como uma Trindade de Pessoas. O
Deus cristão e bíblico não existe solitariamente, ele é sempre a comunhão das três
pessoas divinas.25
Essa percepção chegou–me ao coração há alguns anos atrás quando me deparei
com Gênesis 2:18 em que Deus declara solenemente: "Não é bom que o homem
esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda" (NVI). A
primeira vez em que prestei, de fato, atenção nessa declaração bíblica formulei
uma equação que, à primeira vista, soou esquisita: Deus mais um homem é igual a
um homem sozinho. Fiquei imaginando uma eventual cena, caso Adão se
aproximasse de Deus reclamando de sua solidão:
— Ok, Deus, passei o dia dando nome aos animais e percebi que todos eles
passaram em pares, macho e fêmea, e cada um saía de minha presença em busca
de um cantinho aconchegante, onde se aninhavam de mansinho. Fiquei com uma
tremenda inveja quando me dei conta de que, para mim, não existia par e, então,
me senti muito sozinho. Vim reclamar e, muito respeitosamente, apresentar
minhas críticas ao Universo que o Senhor criou. Está incompleto, falta alguma
coisa. Tudo o que o Senhor fez não é suficiente. Ainda não está bom.
Deus poderia responder, furioso, fazendo com que Adão compreendesse que ele
mesmo, Deus, era seu par:
— Que absurdo, você é tão estúpido que não consegue enxergar que o par do boi
é a vaca, do cavalo é a égua, do cachorro é a cadela e que Eu, o Senhor Todo–
Poderoso, Criador dos céus e da Terra, sou o seu par? Você não consegue
enxergar que nós formamos o par perfeito? Você não consegue perceber que o
jeito porque desejava me relacionar em termos especialíssimos com uma pessoaúnico a ser criado a minha imagem e semelhança é você, e que eu fiz você dessealém de mim mesmo? Ora, Adão, tenha a santa paciência...
Absurdo mesmo é esse diálogo entre Criador e criatura. Porém, mais absurda é a
afirmação de Deus a respeito da solidão do ser humano. Acredito que, por trás
dessa declaração, está a mais bela de todas as confissões de Deus e a mais elevada
expressão de sua essência, o amor, que se traduz em abnegação, altruísmo, doação
e autodoação. Por trás dessa declaração feita por Deus–"Não é bom que o homem
esteja só", consigo enxergar o diálogo da comunhão da Trindade:
— Nós não somos suficientes para a felicidade humana. Nós não bastamos para
que o homem seja plenamente realizado no Universo que criamos. Nossa
insistência em reivindicar a exclusividade da dedicação e afeição do homem vai
acabar condenando o a uma infelicidade crônica e eterna. Precisamos tomar
alguma providência.
A insuficiência de Deus e a consequente solidão do homem geram a necessidade
da criação da mulher.
Depois que formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, o
SENHOR Deus os trouxe ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome
que o homem desse a cada ser vivo, esse seria o seu nome. Assim o homem deu
nomes a todos os rebanhos domésticos, às aves do céu e a todos os animais
selvagens. Todavia, não se encontrou para o homem alguém que o auxiliasse e lhe
correspondesse. Então o SENHOR Deus fez o homem cair em profundo sono e,
enquanto este dormia, tirou–lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne.
Com a costela que havia tirado do homem, o SENHOR Deus fez uma mulher e a
levou até ele. Disse então o homem: "Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da
minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada". Por essa
razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma
só carne. O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha.26
A partir dessa narrativa, observamos que Adão enxergava Eva como extensão de
si mesmo, até porque estavam vocacionados a se tornarem "uma só carne".
De fato, Deus mais um homem é igual a um homem sozinho. E isso não é bom,
não é suficiente, não é bastante. Demorou para que eu entendesse a afirmação de
Deus. Tudo ficou claro quando consegui enxergar Deus como Pai, Filho e
Espírito Santo, distinguindo as pessoas e crendo que me relaciono com um Deus
em três pessoas distintas porém iguais. Aí está o segredo. Deus é uma comunhão
entre iguais. O ser criado à sua imagem e semelhança deveria, necessariamenteser completo apenas e tão somente numa relação entre iguais. Isso explica por que
Deus disse que o homem estava só. O homem possuía alguém acima dele – Deus
–, e tambem abaixo dele – o restante da criação –, mas não possuía ninguém ao
lado dele, como seu igual, e nessa dimensão estava sozinho.
Ariovaldo Ramos afirma que essa é a mais característica expressão da imagem de
Deus no ser humano. Considerando que todo o Universo está impregnado de
Deus, podemos afirmar que a imagem de Deus está em todo o Universo. Por outro
lado, considerando que a Bíblia afirma que Deus criou o homem à sua imagem e
semelhança, podemos depreender que existe uma dimensão da imagem de Deus
que apenas o homem consegue expressar, e essa dimensão é a unidade na
diversidade, a capacidade de pessoas distintas tornarem–se uma só.
O argumento de Ariovaldo faz sentido. Até agora, falamos que Deus é Espírito, e
que, portanto, o ser humano também é um ser espiritual. Dissemos que Deus é um
ser pessoal, Espírito com atributos intelectuais, afetivos e volitivos, e que,
portanto, o ser humano também é uma pessoa. Dissemos que Deus é criativo e
ativo, e que exerce domínio sobre a sua criação, e que, portanto, o ser humano
também atua criativamente trans–formando o mundo. Mas é fato que o ser
humano não é o único ser espiritual, pessoal e determinado, identificado na Bíblia
Sagrada: os anjos e os demônios também o são. Resta concordar com Ariovaldo
quanto ao fato de que a única dimensão de Deus da qual apenas e tão–somente o
ser humano é portador é a vocação de unidade–unicidade, a capacidade de formar
comunidade, de se tornar um, um entre seus iguais e um com Deus Tri–Uno.
Essa unidade da humanidade explica o conceito cristão de salvação, pois o
propósito eterno de Deus é a geração de um novo homem, e esse homem novo é
coletivo, pois o objetivo dele (Cristo) era criar em si mesmo, de toda a
humanidade, um só homem novo,27 e por isso orou ao Pai pedindo:
Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também
estejam em nós [...] para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles
e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba
que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste. Pai, quero que os
que me deste este–jam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que
me deste porque me amaste antes da criação do mundo.
João 17:21–24, NVI
Por essa razão, Paulo, apostolo deixa claro que a experiência com o Cristo é
também uma experiência com o corpo de Cristo:Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos
os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com
respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nos fomos batizados em um único
Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi
dado beber de um único Espíri–to. O corpo não é feito de um só membro, mas de
muitos. Se o pé disser: "Porque não sou mão, não pertenço ao corpo", nem por
isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: "Porque não sou olho,
não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o
corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde
estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a
sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há
muitos membros, mas um só corpo.
O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você!" Nem a cabeça pode dizer
aos pés: "Não preciso de vocês!" Ao contrário, os membros do corpo que parecem
mais fracos são indispensáveis, e os membros que pensamos serem menos
honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são
indecorosos são tratados com decoro especial, enquanto os que em nós são
decorosos não precisam ser tratados de maneira especial. Mas Deus estruturou o
corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, a fim de que não
haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns
pelos outros. Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando
um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. Ora, vocês são o
corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo". 1
Coríntios 12:12–27, NVI
De modo que todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois
os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem
grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo
Jesus.28
Essa é a justificativa da dimensão relacional da imago Dei. Deus é Uno, mas é
Três, distinto entre iguais. Assim também o ser humano é pleno apenas na
comunhão entre iguais, e tanto mais será um reflexo da ima–gem de Deus quanto
mais desenvolver essa unidade com o próximo e com Deus.
CONCLUSÃO
Espero que não me tomem como alguém que foge do debate com a ciência, mas
não quero tomar partido na discussão entre evolucionismo e criacionismo, exceto para afirmar perigosamente que não vejo incompatibilidade entre o criacionismo e
determinadas categorias do evolucionismo. Isto é, não faço questão de afirmar (e,
no fundo, considero tolice) que o ser humano criado por Deus no Gênesis
equivale ao espécime contemporâneo que transita pela Avenida Paulista em São
Paulo. Aprendi na escola que a seleção dos humanóides, antes de dar a camisa dez
ao Homo sapiens sapiens, teve alguns outros artilheiros no campeonato da
peregrinação na história natural, como por exemplo o Homo habilis (2,5 milhões
de anos), Homo erectus (1,8 milhão de anos), o Homo sapiens arcaico (500 mil
anos), até que finalmente o Homo sapiens sapiens chega à Europa há
aproximadamente 40 mil anos. O fato é que a imagem de Deus (e isso para mim é
uma grande notícia) parece muito mais uma semente plantada na espécie humana
– e somente na espécie humana –, semente essa que evolui e conduz o ser humano
a degraus mais elevados de existência. C. S. Lewis diz que:
O homem moderno talvez entenda melhor a ideia cristã da transformação se a
relacionar com a da evolução – embora, é claro, haja alguns espíritos ilustrados
que duvidem de sua existência – ; e a todos nós ensinam que o homem evoluiu a
partir de formas inferiores de vida. Em consequência, as pessoas às vezes se
perguntam: E qual será a próxima etapa? Quando surgirá o ser que ultrapassará o
homem? Ora bem, se você gosta de pensar nestes termos, o que o cristianismo nos
diz é precisamente que esse "novo passo" já se deu e que realmente é inovador.
Não é uma mudança de homens com cérebro para homens com mais cérebro
ainda; é uma mudança que envereda para rumos completamente inesperados – a
mudança da condição de criaturas de Deus para a condição de filhos de Deus. E o
primeiro exemplar da nova espécie já apareceu na Palestina, há dois mil anos. Ele
não é apenas um homem novo, um espécime dessa espécie, mas o homem novo.
Ele é a origem, o centro e a vida de todos os homens novos. Veio por vontade
própria ao Universo criado, trazendo consigo a Zoe, a nova vida – nova para nós,
quero dizer, porque nele a Zoe sempre existiu. E transmite–a não por hereditariedade,
mas pelo que chamei de bom contágio. Todos os que recebem essa
vida fazem–no por um contato pessoal com ele. Os homens são novos por estarem
em Cristo. Milénio após milénio, Deus foi dirigindo a natureza até ao ponto em
que pudesse produzir criaturas capazes de transcendê–la e de transformar–se em
"deuses", se assim o quisessem."'
Esse parágrafo de C. S. Lewis é um dos textos da literatura universal que
sustentam minha fé no cristianismo e no Cristo. Ele me coloca ao lado e acima do
mais avançado que a ciência já conseguiu chegar em tratar do ser humano em sua
origem, evolução e destino, bem como ao lado e acima de todas as tradições de
espiritualidade já discernidas no planeia A afirmação central do cristianismo está
assim exposta: Deus me fez para que eu me tornasse como Cristo. E tudo quantodevo me tornar como ser humano. Jesus Cristo foi em sua peregrinação terrena. A
imagem de Deus esta explícita em Jesus de Nazaré e em sua humanidade perfeita.
Os santos apóstolos disseram: "No princípio era o Verbo [Logos], e o Verbo
estava com Deus. [...] E o Verbo era Deus. O Verbo se fez carne e habitou entre
nós [...] e vimos sua glória, glória como a do unigénito [único gerado versus
criado] do Pai";'0 Deus nos predestinou a ser "conformes a imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogénito dentre muitos irmãos";111 Ele é antes de todas as
coisas, e nele tudo subsiste |...| é o princípio e o primogénito dentre os mortos [...].
Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude".:32Jesus de
Nazaré, o Cristo, e, portanto, o padrão do que é humano. Aquele que realmente
deseja saber o que é a imagem de Deus no ser humano, mais do que perder–se em
elucubrações teológicas e filosóficas, deve olhar para Jesus.
A dimensão pessoal da imago Dei é o conjunto de dotações e de capacidades
inerentes ao ser humano, e que o distingue do que não é humano. E ninguém
duvida de que Jesus de Nazaré, a quem mesmo os que não consideram Deus
chamam de "o mais iluminado de todos os espíritos que pisou no planeta", foi
digno representante de todas as capacidades que Deus pudesse ter compartilhado
com o ser humano. A dimensão relacional da imago Dei está explícita em Jesus
de Nazaré, pois ninguém discute sua capacidade de amar incondicionalmente,
bem resumida na apresentação que Pedro, apóstolo, faz dele em Atos 10:38 como
aquele que andou fazem do o bem. A dimensão criativa da imago Dei também é
expressa por Jesus, evidenciada pelo seu domínio sobre o restante do Universo
criado. Jesus deu provas suficientes de que o mundo lhe obedecia: ele acalmou
tempestades, curou enfermos, alterou os elementos (multiplicou pães e peixes,
transformou água em vinho), e até mesmo ressuscitou pessoas. Tudo fez com
exata consciência de si mesmo e de sua vocação. Entendia–se não apenas como o
Filho de Deus, mas também como o Filho do homem. Sabia que viera ao mundo
para "buscar e salvar o que estava perdido",33 e não "para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate por muitos".34 Finalmente, a dimensão espiritual
da imago Dei é a própria identidade de Jesus. Sendo Deus encarnado e sabendo
que Deus é Espírito, ninguém mais expressou em termos absolutos a Pessoa de
Deus quanto Jesus, que, por isso, foi chamado "o Cristo".
Essas são as razões por que o cristianismo é o caminho daqueles que escolheram
responder ao sentido da vida a partir da imago Dei conforme expressa em Jesus de
Nazaré, o Cristo de Deus.

"Discípulos" Reflexões Diárias

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

"Discípulos" Reflexões Diárias

Boa noite neste vídeo do pastor Ed René Kivitz vamos entender melhor sobre estas series de mensagens diárias que vou postar aqui no blog assista e comente! Paz do Senhor a todos!

A DIMENSÃO CRIATIVA DA IMAGO DEI



A maior unanimidade na interpretação da imagem de Deus ao longo da história da
teologia é a relação que se faz entre ela e a vocação humana de dominar o
Universo criado. Os estudiosos estão de acordo que a expres–são "imagem e
semelhança de Deus" quer afirmar duas coisas: a posição privilegiada que cabe ao
ser humano em relação ao restante da criação e a função de representar Deus no
Universo. Clemente de Alexandria não considerava que a semelhança entre Deus
e o homem estivesse no ser, mas sim no agir: o ser humano assemelha–se a Deus
quando faz o bem e exerce domínio sobre as coisas. Gregório de Nissa disse; quea determinação, no sentido de liberdade e de exercício de domínio sobre a criação,
é uma expressão da imagem de Deus.
O poeta bíblico expressa essa singularidade do ser humano em relação a criação,
singularidade esta que o faz detentor da vocação de dominada:
Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali
firmaste, pergunto: Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do
homem, para que com ele te preocupes? Tu o fizeste um pouco menor do que os
seres celestiais e o coroaste de glória e de honra. Tu o fizeste dominar sobre as
obras das tuas mãos; sob os seus pés tudo puseste: todos os rebanhos e manadas, e
até os animais selvagens, as aves do céu, os peixes do mar e tudo o que percorre
as veredas dos mares.
Salmos 8:3–8, NVI
O Deus da Bíblia é um Deus que trabalha desde a eternidade. O labor divino é
uma forma de Deus revelar–se singular:
Ó Soberano SENHOR, tu começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza e a tua
mão poderosa! Que Deus existe no céu ou na terra que possa realizar as tuas obras
e os teus feitos poderosos? Deuteronômio 3:24, NVI
Meditarei em todas as tuas obras e considerarei todos os teus feitos. Teus
caminhos, ó Deus, são santos. Que deus é tão grande como o nosso Deus? Tu és o
Deus que realiza milagres; mostras o teu poder entre os povos. Salmos 77:12–14,
NVI
E por meio do seu trabalho que Deus compartilha sua alegria com os seus: "Tu me
alegras, SENHOR, com os teus feitos; as obras das tuas mãos levam–me a cantar de
alegria. Como são grandes as tuas obras, SENHOR; como profundos os teus
propósitos!".18 A atividade de Deus revela sua sabedoria: "Quantas são as tuas
obras, SENHOR! Fizeste todas elas com sabedoria! A terra está cheia de seres que
criaste".19Enquanto age, Deus a perpetua entre a raça humana: "Grande é o
SENHOR e digno de ser louvado; sua grandeza não tem limites. Uma geração
contará à outra a grandiosidade dos teus feitos; eles anunciarão os teus atos
poderosos. Proclamarão o glorioso esplendor da tua majestade, e meditarei nas
maravilhas que fazes. Anunciarão o poder dos teus feitos temíveis, e eu falarei das
tuas grandes obras. Comemorarão a tua imensa bondade e celebrarão a lua justiça.
O SENHOR é misericordioso e compassivo, pacien–te e transbordante de amor. O
SENHOR é bom para todos; a sua compaixão alcança todas as suas criaturas.Rendam–te graças todas as tuas criaturas, SENHOR, e os teus fiéis te
bendigam".20O povo de Deus confia em Deus por saber que ele trabalha:
"Entregue o seu caminho ao SENHOR; confie nele, e ele agirá",21 pois "desde os
tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvi–do percebeu, e olho nenhum viu
outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam".22
Essa visão do Deus laborioso inspirou Jesus em sua resposta àqueles que
questionavam suas atividades no sábado, o dia do descanso confor–me a lei
judaica, de Moisés: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também".23 Muito
mais do que uma defesa do ativismo, a resposta de Jesus revela uma dimensão da
imago Dei: a ação criativa, o ímpeto criador, o desejo de interferir no mundo, de
mudar a realidade, de transformar o Universo.
Mais surpreendente ainda é a sugestão feita por Jesus de que essa dimensão de
trabalho não conflita com o mandamento do descanso "Guardar o sábado",
santiíicando–o, separando–o para Deus, é um dos Dez Mandamentos da Lei de
Moisés. Alguns intérpretes da Lei foram literalistas e chegaram ao extremo de
considerar um ato mínimo, como tirar a casca de uma espiga de milho, uma
quebra do mandamento.
Uma das maneiras de interpretar esse rigor para a guarda do quanto mandamento
é o belíssimo conceito rabínico de descanso. Descansar e "não interferir na
realidade". Se sua casa está pegando fogo no sábado, não tente salvar nada, pois
você estaria trabalhando. Descanse. Diga ao Deus Eterno que você não vai mudar
o curso das circunstâncias e que, portanto, sua sorte está completamente rendida
às mãos dele, Deus. Descansar é recusar–se a mudar o que o Deus Eterno
determinou como su–cessão natural dos fatos. Nesse caso, existe apenas uma
possibilidade de não considerar o trabalho de Jesus no sábado quebra do
mandamento. De fato, ou a atividade de Jesus no sábado contraria a vontade de
Deus, ou, muito ao contrário, é justamente a expressão da vontade de Deus.
Em síntese, o mandamento de guardar o sábado foi uma forma de mostrar ao ser
humano que somente Deus é capaz de gerir sua Criação Nesse caso, trabalho é
igual a descanso quando o ser humano não tem a pretensão de tomar nas mãos o
controle do Universo, mas de se oferecer como instrumento para que Deus mesmo
administre o mundo, e essa vocação de exercer domínio sobre a criação mediante
a autoridade delegada por Deus é, sem dúvida, uma expressão da imagem de Deus
no ser humano.
Amanhã temos a ultima parte sobre a Imago Dei, finalizando com
A DIMENSÃO RELACIONAL DA IMAGO DEI!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

DIMENSÃO PESSOAL DA IMAGO DEI

Herdeiros de Platão e de sua teoria das ideias, quase todos os filósolos e teólogos
posteriores que abordaram o tema trataram a imagem de Deus como própria da
alma, não do corpo, e notadamente identificada com a mente–razão. Fílon de
Alexandria chamou a mente de "princípio hegemónico da alma". Gregório de
Nissa propôs que, assim como Deus tem mente e verbo, também o ser humano
possui a capacidade do co–nhecimento, expressões daquela mente e verbo
divinos. Agostinho de Hipona diz que "o homem representa Deus em relação ao
nobilíssimo ato que é conhecer– de fato, representa Deus não apenas enquanto
ente e vivente, mas também enquanto inteligente". Tomás de Aquino incluía o
conhecer e o querer como próprios da imagem de Deus no homem, mas dava
prioridade ao conhecimento em detrimento da vontade, afir–mando que a imagem
reside, sobretudo, na dimensão cognitiva, pois a vontade origina–se na memória e
na inteligência.
Compreender a mente–razão como expressão da imagem de Deus e inevitável.
Mas não precisamos ficar restritos ao conceito que faz a razão equivaler apenas ao
conhecimento e à capacidade de raciocínio. Devemos dar atenção às últimas
conclusões das pesquisas no campo da neurociência António Damásio escreveu Oerro de Descartes, em que discute as bases do cartesianismo na formação da
antropologia ocidental e suas influências na neurociência. René Descartes (1596–
1650), com sua famosa proposição: "Penso, logo existo", quer dizer que:
Eu soube que era uma substância cuja essência integral é pensar, que não havia
necessidade de um lugar para a existência dessa substância e que ela não depende
de algo material; então, esse 'eu', quer dizer, a alma, por meio da qual sou o que
sou, distingue–se completamente do corpo e é ainda mais fácil de conhecer do que
esse último; e ainda que não houvesse corpo, a alma não deixaria de ser o que é.13
Damásio denuncia que exatamente aí está seu erro:
A separação abissal entre o corpo e a mente, entre a substância corporal,
infinitamente divisível, com volume, com dimensões e com um funcionamento
mecânico, de um lado, e a substância mental, indivisível, sem volume, sem
dimensões e intangível, de outro; a sugestão de que o raciocínio, o juízo moral e o
sofrimento adveniente da dor física ou agitação emocional poderiam existir
independentemente do corpo. Especificamente: a separação das operações mais
refinadas da mente, para um lado, e da estrutura e funcionamento do organismo
biológico, para o outro.14
Quando falamos em razão mente alma, devemos incluir necessariamente os
atributos intelectuais, emocionais e volitivos sem jamais separá–los do corpo, a
dimensão física e material do ser humano.
O ser humano possui também uma dimensão moral ou, se você preferir,
consciência moral: o senso de certo e errado presente em todo ser humano de
todas as culturas e de todos os tempos. Paulo, apóstolo, falou a respeito desse
senso de certo e errado como algo que Deus semeou na mente humana:
A ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens
que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é
manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo
os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido
vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma
que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos
tornaram–se fúteis e o coração insensato deles obscureceu–se... (De fato, quando
os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam–se
lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências
da Lei estão gravadas em seu coração. Disso dão testemunho tam–bém a suaconsciência e os pensamentos deles, ora acusando–os, ora defendendo–os.) Isso
tudo se verá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, mediante Jesus
Cristo, conforme o declara o meu evangelho.
Romanos 1:18–21; 2:14–16, NVI
"Além do Antigo e Novo Testamentos", disse C. S. Lewis, "há duas outras
maneiras como Deus se torna evidente para o ser humano: a primeira, pelo
Universo que ele criou, a segunda, pela consciência moral que ele colocou em
nossas mentes".15 Lewis comenta que a consciência moral e a melhor evidência,
porque se trata de uma informação intrínseca: "você encontra mais a respeito de
Deus na Lei Moral do que no universo em geral, assim como você enxerga
melhor um homem ouvindo sua conversa do que admirando a casa que ele
construiu".16
Finalmente, podemos falar da autoconsciência como um dos atributos humanos.
Dessa vez, precisamos da ajuda de Viktor Frankl, que disse que, para ouvir a voz
de sua consciência, o ser humano deve admitir que essa consciência é algo
diferente do eu, mais do que o eu, extra–humano, alem da mera condição humana,
isto é, transcendente:
Da mesma maneira como o umbigo humano, considerado por si mesmo, pareceria
sem sentido, porque só pode ser compreendido a partir da pré–história, ou melhor,
da história pré–natal do homem, como sendo um "resto" no homem que o
transcende e o leva à sua procedência do organismo materno, no qual estava
contido, exatamente desta mesma forma a consciência só pode ser entendida em
seu sentido pleno quando a concebermos à luz de uma origem transcendente.17
Esses atributos, consciência e autoconsciência, implicam o fato de que o ser
humano é capaz de se chamar de eu e de colocar–se em relação a outros eus.
amanhã vamos falar sobre A DIMENSÃO CRIATIVA DA IMAGO DEI

domingo, 8 de janeiro de 2012

A DIMENSÃO ESPIRITUAL DA IMAGO DEI

O ser humano é a primeira e única criatura do Universo dotada de espírito
semelhante ao Espírito divino. Deus é Espírito, e, portanto, o ser criado a sua
imagem e semelhança deve ser também espírito. Para compreender essa dimensão
espiritual, precisamos ajustar nossa percepção do que é o espírito e de onde ele se
situa no espaço. A primeira vez em que apresentei palestras a respeito da vida
com propósito a partir da imago Dei, fui abordado por um budista, inconformado
com minha definição de um Deus pessoal, que queria porque queria saber onde
estava, então, esse Deus:
— Se ele é uma pessoa, deve estar em algum lugar – afirmou inquiridor.
Dallas Willard comparou a presença de Deus no espaço com a presença do ser
humano em seu corpo: Sou um ser espiritual que tem atualmente um corpo físico.
Eu ocupo meu corpo e seus arredores pela consciência que tenho dele e pela
minha capacidade de exercer a vontade de agir com ela e por meio dela. Eu ocupo
o meu corpo e seu espaço circundante, mas não posso ser localizado nele ou em
torno dele. Você não consegue me encontrar nem encontrar os meus pensamentos,
sentimentos e características de personalidade em parte nenhuma do meu corpo.
Se você quiser me encontrar, a última coisa que deve fazer é abrir o meu corpo
para dar uma olhada. Viajar pelo espaço e não encontrar a Deus não significa que
Deus não está lá, assim como viajar pelo meu corpo e não me encontrar não
significa que eu não estou aqui. Podemos dizer que Deus se relaciona com o
espaço do mesmo modo como nos relacionamos com o nosso corpo. Ele o ocupa
e transborda, mas não pode ser localizado nesse espaço. Cada ponto do espaço
está acessível à consciência e à vontade divinas, e a sua presença manifesta pode
ser concentrada em qualquer ponto que ele julgue adequado. Na encarnação ele
concentrou sua realidade de modo especial no corpo de Jesus.5
Numa comparação admirável, Ole Hallesby ressalta que:
O ar de que o nosso corpo precisa nos envolve por todos os lados. Do mesmo
modo, o ar de que nossa alma precisa também envolve a to–dos nós em todos os
momentos e por todos os lados. Deus está em torno de nós em Cristo, cercando
nos por todos os lados, com a sua graça multifacetada e plenamente suficiente. Só
o que precisamos fazer é abrir o nosso coração.6
A afirmação de que o ser humano compartilha com o Deus do Espírito espírito
implica dizer que somente o ser humano pode vibrar na frequência de Deus, e
somente imerso nesse Deus o ser humano pode ser o que destinado a ser. Pense,
por exemplo, que no ambiente onde você está e tem ondas de UHF, VHF, AM,
FM, ondas curtas, ondas médias, mas você não é capaz de captar nenhuma delas.A menos que esteja com algum rádio ou aparelho de televisão ligado, você (ainda)
não e capaz, de ouvir qualquer música nem perceber qualquer imagem passando
em ondas sobre a sua cabeça. Isso quer dizer que você não está aparelhado (ou
desenvolvido) para captar tais frequências de energia. Em linguagem metafórica,
o espírito humano é o instrumento (perdoe–me não ter achado palavra melhor) por
meio do qual podemos "captar" Deus.
Não se esqueça de que Deus não está lá, em alguma outra dimensão, em algum
outro mundo, em algum ponto fora do Universo. Deus está aqui. Ele é imanente.
Não podemos mais viver com a ideia de que Deus é aquele velhinho que fica
sentado num trono celestial e, de vez em quando, visita o mundo dos homens para
fazer uma coisa ou outra. Aliás, suspeito que a maioria das pessoas pensa isso
mesmo. Acredita que Deus está em algum lugar e que, se pedir com fé, sem ter
cometido pecado nenhum nos últimos dois minutos, Deus vai se levantar do trono
e lhe dar uma mãozinha.
Falar de Deus como realidade espiritual e afirmar a espiritualidade humana é
afirmar a perfeita possibilidade de relação, interação, contato, apropriação,
experiência entre Deus e o homem. Essa é a convicção dos santos apóstolos: o
Espírito Santo habita em nós;7 somos templo santo para morada de Deus por seu
Espírito;8 Deus age em nós;9 "Cristo era vós";10 quem nasce da semente
incorruptível é "casa espiritual", um edifício com "pedras que vivem" de onde os
apóstolos tiraram essa ideia? Posso assegurar que ouviram de Jesus: "Na casa de
meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar–
lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para
que vocês estejam onde eu estiver".12
Geralmente se interpreta a "casa do pai" como sendo o céu e que "estar onde Jesus
está" é uma experiência pós–morte. Mas isso é um grande equívoco. Jesus deixou
claro aos discípulos que, após sua morte e ressurreição, enviaria o seu Espírito:
Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele
lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da
verdade. O mundo não pode recebê–lo, porque não o vê nem o conhece. Mas
vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. Não os deixarei
órfãos; voltarei para vocês. Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais;
vocês, porém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia
compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. Quem tem
os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama
será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele". Disse entãoJudas (não o Iscariotes):
"Senhor, mas por que te revelas a nós e não ao mundo: "Respon–deu Jesus: "Se
alguém me ama, obedecerá a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e
faremos morada nele".
João 11:15–23, NVI
Sublinhe as expressões "outro Conselheiro para estar com vocês para sempre",
"pois ele vive com vocês e estará em vocês", "voltarei para vocês". "me revelarei
a ele", "se alguém me ama, obedecerá à minha palavra Meu Pai o amará, nós
viremos a ele e faremos morada nele" e perceba como Jesus está falando de uma
experiência presente. De fato, Jesus esta falando que, na relação Espírito Santo–
espírito humano, reside a comu–nhão com o Cristo ressurreto.
Nenhuma outra criatura vibra na frequência de Deus, pois ninguém mais além do
ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus e herdou o atributo do
Espírito–espírito. Para ninguém mais o cristianismo afirma "Cristo em vós", senão
para o ser humano, que se rende a essa rela–ção. A imago Dei é, portanto, essa
dimensão espiritual, privilégio singular do ser humano em relação a todos os
outros seres e realidades criadas. 
Amanha continuamos com A DIMENSÃO PESSOAL DA IMAGO DEI!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

AS ENTRELINHAS DO GÊNESIS

Vamos continuar nosso estudo sobre a Imago Dei
O que é dito a respeito de Deus no relato do Gênesis? Uma leitura atenta nos
levará a pelo menos quatro afirmações a respeito de Deus nas entreli–nhas do
relato bíblico da criação. Primeiro, é dito que Deus é antes de todas as coisas, de
modo que Deus não é matéria, ou, na linguagem de Jesus Deus é Espírito!2–
Quando no Gênesis se diz que "no princípio, criou Deus" estamos diante domarco zero do universo e concordando que, "antes de existir algo, existia
alguém", e esse Alguém é distinto do algo. Isso sem falar na proposta exegética
que sustenta que o verbo "criar", usado na língua hebraica, denota "criar do nada",
criar sem que houvesse qualquer realidade anterior, exceto o próprio criador.
Em segundo lugar, é dito que Deus é plural: "Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança".''O Deus cristão é Três Pessoas em um só Deus, é
Tri–Uno, Deus Pai — Deus Filho– Deus Espírito Santo. Deus é uma comunidade
e amor ilimitado". Note que não estamos falando de três manifestações da mesma
pessoa, como, por exemplo, o José, que é marido da Rosa, pai do João e filho do
seu Pedro. O José é uma pessoa só em três relações diferentes. Mas Deus não é
assim. Conforme Atanásio, bispo de Alexandria (século IV), em seu Credo: "a fé
universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em
unidade. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância. Porque a
pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo, outra. Mas no Pai,
no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co–
eterna majestade. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo".
Em terceiro lugar, é dito que Deus exerce livremente sua vontade criativa:
"Façamos". Ele se propõe a fazer–criar e, pela sua palavra, os mundos são feitos e
passam a existir. Esse exercício da vontade divina é chamado livre, porque não é
determinado por nada exceto por si mesmo. Não há uma causa antes de Deus,
pois, na afirmação de Tomás de Aquino, em sua argumentação da teologia
natural, Deus é a causa primeira de todas as coisas. Mas, por trás desta vontade
livremente exercida, existe autoconsciência, intenção, inteligência, poder e
autoridade. Por trás de uma vontade livre de causalidade externa, não determinada
exceto por si mesma, existe uma pessoa. Deus é Pessoa.
Finalmente, é dito no Gênesis que, após ter criado o Universo, Deus delegou ao
homem o domínio sobre a criação. Na verdade, tal domínio era intencionado
desde antes da criação: "façamos o homem [...] tenha ele domínio sobre".4 O ser
humano recebe autoridade delegada e passa a ser co–participante da obra criativa
de Deus, responsável por preservar a ordem posterior ao caos.
A imagem de Deus no homem possui pelo menos quatro dimensões
fundamentais: espiritual, pessoal, relacional e criativa. Espiritual, porque Deus é
Espírito. Pessoal, porque Deus é Pessoa. Relacional, porque Deus é plural.
Criativa, porque Deus delegou sua autoridade para que o homem exerça domínio
sobre o restante da criação.
Amanhã vamos aprender ''A Dimensão Espiritual da Imago Dei'' até...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Imago Dei

Boa noite, hoje dia 5 de janeiro começo uma mensagem sobre a Imago Dei, você sabe o que essa palavra significa? não? então vamos aprender!

IMAGO DEI
As linguagens teológica e filosófica carecem de trem de pouso. Henry David
Thoreau disse que "ser filósofo não é meramente ter pensamentos sutis, nem
mesmo fundar uma escola... é resolver alguns dos problemas da vida, não na
teoria, mas na prática". O mesmo vale para ser teólogo ou pretender fazer
teologia: ou a reflexão nos ajuda a viver melhor, ou é puro diletantismo.
Em que consiste, portanto, essa imago Dei? Gomo essa imagem de Deus se
manifesta no ser humano? De que maneira Deus se expressa através do ser
humano? Gomo esses conceitos de teologia–antropologia–teleologia podem se
tornar práticos? Como podemos colocar trem de pouso nesse universo de ideias, a
fim de que elas nos sejam úteis para encarar a segunda-feira? Responder a essas
perguntas é imprescindível para o desenvolvimento da vida com significado,
porque essas respostas trarão consigo as implicações práticas da imagem de Deus
para a vida humana.
O Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento (1981a), ao
comentar o vocábulo adam, sugere uma série de interpretações possíveis para a
imagem de Deus, que podem ser assim resumidas:
• alma ou espírito, que envolvem a invisibilidade e a imortalidade e, também, a
capacidade de relacionamento com Deus;
• capacidades intelectuais e físicas, que englobam o intelecto e a vontade, ou o
livre arbítrio e a razão;
• integridade intelectual e moral, que abrangem o conhecimento e a justiça;
• corpo físico, que se refere ao órgão apropriado da alma por meio do qual o
homem exerce seu domínio;
• domínio sobre a criação, isto é, o domínio do homem sobre o mundo não–humano.
Alguns teólogos resumem que o ser humano herdou de Deus a espiritualidade da
alma, a liberdade da vontade e a imortalidade do corpo. A imagem de Deus é
vista, também como tudo quanto distingue o humano do não humano Essa
distinção pode ser descrita a partir de três capacidades humanas relacional,
racional e volitiva. O ser humano, portanto, e capaz de amar e de ser amado,
capaz de distinguir a si mesmo do restante da realidade e de tomar decisões
baseadas em certo e errado, bem e mal, isto é, decisões morais.
Essas definições e sugestões das manifestações e expressões da imagem de Deus
no homem giram ao redor dos mesmos paradigmas e confundem–se com
pressupostos filosóficos. Uma das grandes discussões a respeito envolve as
posições de Santo Agostinho e Tomás de Aquino, que falam de essência de Deus
e de aparência de Deus (ícone). Muitos críticos aprofundam o debate para o
conflito entre as visões platónica e aristotélica Na verdade, a matriz filosófica é
sempre dedutiva e, muito embora im–prescindível, jamais pode tomar o lugar da
matriz bíblica, que não é dedu–tiva, é revelacional. Isto é, num simplismo
arriscado, a filosofia é a tentativa humana de decodificar o universo e seus
fenómenos, enquanto a revelação é a iniciativa divina em revelar a si mesmo e seu
universo criado. Na verdade, a única razão por que a filosofia discute a imagem
de Deus no homem é porque a Bíblia diz que assim foi feito: "Façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gênesis 1:26,27, ARA, NVI
Opto, portanto, por buscar no próprio texto bíblico o fundamento para a
interpretação dessa imagem de Deus. O relato do Gênesis é insubstituível e
inigualável.
Fazer teologia, entretanto, é também trilhar caminhos de raciocínios dedutivos.
Afinal, como bem diz John Stott, "crer é também pensar" Olhando para o texto
bíblico, deduzimos que as expressões "imagem e semelhança" implicam paralelos
entre Deus e o homem. Nosso conceito de Deus vai gerar o conceito de homem. A
união das duas percepções coloca–nos diante do desafio de discernir a aplicação
prática do signifi–cado–expressões–manifestações–dimensões da imago Dei.
Continuamos amanhã esse assunto com o tema:
AS ENTRELINHAS DO GÊNESIS